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Della Monica vence rombo, fiascos e Mustafá para seguir no Palmeiras

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

O presidente Affonso Della Monica conseguiu passar ileso por uma dívida alegada de R$ 17 milhões e por campanhas pífias da equipe nos seus dois anos de mandato para derrotar a oposição por 33 votos (156 a 123) e a sombra de seu antecessor para se reeleger até janeiro de 2009 como presidente do Palmeiras.

AS ELEIÇÕES NO PALMEIRAS
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Enquanto dirigentes votam no Palmeiras...
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...torcida protesta ao lado do Palestra Itália
SITUAÇÃO APROVA CONTAS
A diferença de votos culmina em um dos resultados mais apertados do cenário político do Palmeiras nos últimos anos. Em 1985, Nelson Duque superou Carlos Facchina Nunes por apenas quatro votos de diferença. Já no último pleito, em 2005, Della Monica bateu o ex-oposicionista Seraphim del Grande por 201 a 40 com o apoio de Mustafá Contursi.

Foi na década de 1980, porém, que o clube tinha claramente duas facções distintas de poder, o que se dissipou a partir do momento da entrada de Mustafá, que emendou seis mandatos consecutivos e montou forte suporte eleitoral para sair do cargo direto para a presidência do Conselho Deliberativo do Palmeiras.

Pressionado pela falta de títulos mesmo após bancar contratações caras que culminaram em empréstimos bancários e adiantamentos de cotas de patrocinadores, que levaram o clube a dívidas e falta de perspectivas de investimentos para 2007, Della Monica contou com uma base variada de aliados que prega o exemplo da era Parmalat para buscar novas alternativas de gestão e vende a idéia de renovação e planejamento.

Candidato único até dezembro passado, Della Monica teve como adversário o seu ex-diretor administrativo, Roberto Frizzo, que após manifestar apoio a campanha da situação se aliou ao presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marco Polo Del Nero, que se absteve do voto, e, principalmente, a Mustafá Contursi, presidente do clube entre 1993 e 2005 e que adotou postura ofensiva contra Della Monica falando em arrependimento pelo apoio dado na última edição.

"Esta eleição não foi entre o Della Monica e o Frizzo, mas entre o Dellla Monica e o Mustafá. O Palmeiras tem de tirar a político de ódio que domina o clube, e para isso, só tirando o Mustafá, que deixou o clube esfacelado e até quatro meses atrás era imbatível. Mas hoje já não é mais assim, a tendência é que ele perca esse poder", desabafou Seraphim del Grande.

O pioneirismo pregado pelo Palmeiras ao utilizar urnas eletrônicas nas suas eleições acabou não funcionando direito. Como optou por não adotar com a contagem oficial do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o clube deveria ter adquirido um programa que totalizaria os votos das 15 urnas. Não adquiriu, o que forçou a apuração de cada uma das máquinas.
A votação eletrônica, aliás, não evitou atrasos desde o início do processo eleitoral do clube, durando mais de duas horas, mais do que o tempo gasto na eleição de 2005, quando foram usadas cédulas e contagem manual.
Comandada por Mustafá Contursi, presidente do Conselho Deliberativo, a eleição demorou duas horas, já que cada um dos 282 conselheiros presentes eram chamados individualmente. Para complicar, cada 'eleitor' votava 27 votos: um presidente, quatro vice-presidentes e 22 membros do COF.
A votação só começou às 23h, quatro horas depois dos conselheiros chegarem ao Parque Antarctica para se reunirem para discussão do balanço financeiro do clube em 2006.
PALMEIRAS NÃO ATUALIZA URNAS E ATRASA APURAÇÃO
Ex-vice-presidente do período da Parmalat que perdeu disputa política com Mustafá no meio dos anos 90 e, após circular entre a oposição, Seraphim se aliou ao presidente reeleito do clube para desafiar Mustafá Contursi e agora se prepara para concorrer a presidência do Conselho Deliberativo, em março.

Para vencer Frizzo e, consequentemente, Mustafá, Della Monica teve de contar com decisivo crivo de sua base de apoio, que votou em bloco para aprovar o balanço financeiro do clube em 2006, que havia sido reprovado pelo Conselho de Orientação Fiscal (COF) na última sexta-feira, quando as contas apontavam rombo de R$ 32 milhões.

Antes do início da votação para presidente do clube, os conselheiros haviam dado anuência aos gastos do último ano, com 149 contra 132 votos, com uma abstenção. A aprovação já era um indício da força conquistada por Della Monica, que defendeu ter acumulado dívida muito menor: R$ 17 milhões, levando em conta R$ 9 milhões em adiantamentos e R$ 7 milhões de dinheiro aplicado.

Em dois anos de administração, Della Monica teve como melhor resultado uma classificação da equipe para a Libertadores de 2006. Em compensação, a equipe caiu duas vezes nas oitavas-de-final da competição para o São Paulo, quase foi rebaixada no último Brasileirão e ainda foi submetida a oito troca de treinadores.

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